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O ano de 2023 marcou um período significativo para a produção hortifrúti no Brasil, caracterizado por uma série de desafios e oportunidades que moldaram a indústria. Assim, os produtores nacionais navegaram em um mercado em constante mudança, influenciado por fatores climáticos, econômicos e pelo comportamento do consumidor.

Em 12 de dezembro de 2023, a revista HF Brasil divulgou uma edição especial sobre Retrospectiva 2023 & Perspectiva 2024, em que há uma previsão de que os brasileiros passem a consumir cada vez mais produtos de HF, em especial os processados em detrimento dos frescos, o que aumentará a valorização da produção, como indica o infográfico a seguir:

Infográfico sobre as tendências de consumo doméstico de hortifrúti no Brasil
Fonte: Anuário HF Brasil: Retrospectiva 2023 & Perspectiva 2024, 12/12/2023; p. 10.

No início do ano, observou-se uma variação na demanda por produtos hortifrútis, impulsionada tanto por mudanças nos hábitos de consumo doméstico quanto por demandas do mercado internacional. Essa oscilação levou os produtores a adaptarem suas estratégias de cultivo e comercialização, focando em culturas que apresentaram maior rentabilidade e demanda. Especialmente no que tange à exportação, algumas frutas e legumes ganharam destaque, abrindo novos mercados e oportunidades para os agricultores brasileiros.

As regiões Sul e Sudeste do Brasil, conhecidas por sua robusta produção de hortifrútis, enfrentaram um cenário climático desafiador. O fenômeno El Niño 2023, com sua característica irregularidade climática, impactou significativamente essas áreas. As consequências foram sentidas tanto na quantidade quanto na qualidade dos produtos cultivados, afetando a produtividade e impondo novos desafios aos produtores.

A resposta dos agricultores a essas condições climáticas adversas foi uma demonstração de resiliência e inovação. Investimentos em tecnologias de irrigação, seleção de culturas mais resistentes e estratégias de manejo integrado de pragas foram algumas das medidas adotadas para mitigar os impactos negativos e garantir a continuidade da produção.

Esse cenário complexo e dinâmico do setor hortifrúti brasileiro em 2023 serve como um estudo de caso importante sobre a interação entre agricultura, mercado e clima, ressaltando a importância de estratégias adaptativas e proativas para enfrentar os desafios impostos por um ambiente global em constante mudança.

Como o El Niño 2023 afeta a qualidade das culturas de hortifrúti?

Alterações climáticas, como as provocadas pelo El Niño 2023, podem resultar em escassez de oferta ou diminuição na qualidade dos hortifrútis. Isso, por sua vez, tende a elevar os preços no mercado interno e pode prejudicar a competitividade no mercado externo, impactando a economia do setor.

Como o clima impacta a produção de folhosas?

As culturas de folhosas são extremamente sensíveis a variações climáticas. O excesso de chuvas pode levar ao encharcamento do solo e ao apodrecimento das raízes, afetando negativamente a absorção de nutrientes e aumentando a vulnerabilidade a doenças fúngicas. 

Por outro lado, períodos de seca podem causar estresse hídrico nas plantas, resultando em folhas murchas e de menor tamanho, comprometendo, assim, a textura e a qualidade das folhosas.

A irregularidade nas chuvas causada pelo El Niño também pode levar a uma redução na quantidade produzida, uma vez que essas culturas dependem de uma hidratação regular e consistente.

Previsão de anomalia de precipitação (à esquerda) e de temperatura (à direita) do trimestre dezembro/2023, janeiro e fevereiro/2024
Previsão de anomalia de precipitação (à esquerda) e de temperatura (à direita) do trimestre dezembro/2023, janeiro e fevereiro/2024. Fonte: Boletim Agroclimatológico Mensal, v. 58, n. 12, Instituto Nacional de Meteorologia, 12 de dezembro de 2023.

Como o clima impacta a produção de frutas?

O aumento do calor e da umidade, especialmente em regiões tropicais, favorece a proliferação de pragas e doenças. Isso não apenas afeta a aparência das frutas, com manchas e deformações, mas também pode diminuir seu valor nutricional. Além disso, condições climáticas extremas podem afetar o processo de polinização, impactando a formação de frutos e a produtividade.

As temperaturas mais elevadas que vêm sendo verificadas no Brasil podem acelerar a maturação dos frutos, encurtando o ciclo de produção e forçando colheitas antecipadas, o que pode impactar negativamente a quantidade e a qualidade, além de influenciar nos processos pós-colheita.

Como o clima impacta a produção de tubérculos?

Os tubérculos, como a batata e a cenoura, que desenvolvem-se principalmente abaixo do solo, são afetados negativamente por extremos climáticos. Em condições de umidade excessiva, há risco de apodrecimento e ataque de doenças. Já em períodos de seca e altas temperaturas, o crescimento dos tubérculos pode ser severamente limitado, resultando em produtos de menor tamanho e qualidade inferior.

Clima e mercado afetam a dinâmica de produção de hortifrúti 

Com o início do verão em dezembro, há dois fatores que impactam a dinâmica da produção de hortifrúti: as festividades de fim de ano e a transição climática. Por isso, esse período é marcado por uma oscilação significativa nos preços, algo que é de grande relevância tanto para consumidores quanto para produtores.

A influência do clima na agricultura é um fator inegável, especialmente quando consideramos fenômenos como o El Niño, que pode causar alterações substanciais nas condições meteorológicas, afetando diretamente a qualidade e a produtividade das culturas de hortifrútis. Como resultado, há uma repercussão direta na economia do setor, refletindo-se nos preços de mercado.

Durante o mês de dezembro, a presença do El Niño agrava essas variações de preço. Isso ocorre devido a potenciais alterações no volume de chuvas e temperaturas, que podem ir desde períodos de seca extrema até chuvas intensas em diferentes regiões produtoras. Essas mudanças climáticas afetam não apenas a quantidade de produção disponível, mas também a qualidade dos produtos, que é um fator crucial na determinação de seus preços.

Para os produtores, o impacto é duplo. Por um lado, há o desafio de manter a produção estável e de qualidade diante das adversidades climáticas. Por outro, há a necessidade de navegar por um mercado onde os preços podem flutuar rapidamente, impactando a rentabilidade. A compreensão dessas dinâmicas é vital para que os produtores e demais stakeholders do setor hortifrúti possam se adaptar e planejar suas atividades de maneira eficaz.

Perspectivas para a produção de HF em 2024

As perspectivas para a produção e comercialização de hortifrúti em janeiro de 2024 no Brasil são influenciadas por vários fatores, incluindo as condições climáticas, as tendências de mercado e as políticas agrícolas. Com o El Niño previsto para se manter pelo menos até abril, a presença do fenômeno pode ter um impacto substancial nas condições de cultivo.

Quanto à demanda, o aumento da conscientização sobre saúde e bem-estar pode impulsionar a compra de produtos frescos e orgânicos, assim como dos processados. Os produtores podem enfrentar desafios relacionados a custos de produção e competição no mercado. No entanto, há oportunidades de crescimento, especialmente na exportação, dada a diversidade e qualidade dos produtos hortifrútis brasileiros.

É importante que produtores e comerciantes de hortifrúti acompanhem de perto esses fatores para se adaptar às mudanças do mercado e maximizar suas oportunidades em janeiro de 2024 e além.

5 dicas para evitar perdas no hortifrúti

1. Monitoramento climático

Esta estratégia envolve acompanhar regularmente as previsões meteorológicas para antecipar e preparar-se para condições climáticas adversas. Isso inclui ajustar os tempos de plantio e colheita com base nas previsões de chuvas, secas ou temperaturas extremas, considerando sempre as janelas ideais para o cultivo de cada cultura. Ao se antecipar a esses fatores, os produtores podem minimizar os impactos negativos.

2. Diversificação de culturas

A diversificação de culturas refere-se ao cultivo de uma variedade de plantas diferentes, preferencialmente aquelas menos sensíveis a variações climáticas. Isso não só reduz a dependência de uma única cultura, que pode ser suscetível a uma doença ou praga específica, mas também melhora a saúde do solo e reduz o risco de perdas totais em caso de condições climáticas adversas.

3. Técnicas de irrigação eficientes

Utilizar sistemas de irrigação que economizam água e são adaptáveis a diferentes condições climáticas é crucial. Isso pode incluir sistemas de irrigação por gotejamento, que direcionam a água diretamente para a zona radicular das plantas, reduzindo o desperdício. Essas técnicas ajudam a manter a umidade do solo ideal e garantem que as plantas recebam água suficiente, mesmo em tempos de escassez.

4. Manejo integrado de pragas e doenças

Essa abordagem envolve usar uma combinação de métodos biológicos, culturais, físicos e químicos para controlar pragas e doenças. Isso pode incluir a introdução de predadores naturais das pragas, rotação de culturas para evitar a proliferação de doenças específicas e o uso consciente de defensivos altamente tecnológicos.

5. Armazenamento e transporte adequados

Garantir que os produtos hortifrúti sejam armazenados e transportados em condições ideais é essencial para preservar sua qualidade até chegarem ao consumidor final. Isso inclui controlar a temperatura e a umidade durante o armazenamento, adequar as condições de transporte e garantir que os produtos sejam manuseados de maneira que minimize danos físicos.

É tempo de adaptação e inovação para o setor do hortifrúti!

É possível concluir que o fenômeno El Niño representa um desafio significativo para a produção de hortifrúti no Brasil, afetando tanto a qualidade quanto a produtividade das culturas. 

Entender e adaptar-se a essas mudanças climáticas é crucial para manter a competitividade e a sustentabilidade do setor, por meio de práticas que permitem aos produtores efetivamente reduzir perdas e aumentar a eficiência e a sustentabilidade de suas operações.

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